segunda-feira, 14 de abril de 2008

Diretor tenta passar tranqüilidade depois de atentado




João Prestes e Jacqueline Lopes
Tanto o diretor do Depen (Departamento Nacional do Sistema Penitenciário), Wilson Damásio, quanto o juiz federal Odilon de Oliveira, tentaram passar um clima de tranqüilidade à imprensa com relação à tentativa de invasão ao presídio federal de Campo Grande, ocorrido ontem à noite. Um grupo de pelo menos 10 bandidos armados de fuzis 762 – arma de alto alcance, grande poder de destruição e uso restrito das Forças Armadas – abriram fogo contra os agentes penitenciários, por volta das 22 horas de ontem.

Foram pelo menos meia hora de tiroteio. Os bandidos fugira. Em seguida, houve o apoio da Polícia Federal e da Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais). Cerca de 100 homens atenderam ao chamado e ajudaram a fechar o cerco na região.

A ação teria envolvido dez bandidos. Três deles chegou até o pátio do presídio, do lado de fora, perto da pista de pouso, após obstruírem uma cerca de arame farpado distante aproximadamente 70 metros do portão principal, que separa o estacionamento externo da área onde está sendo construído o aterro sanitário.

Wilson Damásio acredita que, pela logística usada, a intenção era resgatar algum dos 160 presos que cumprem pena no local. Entre os mais famosos estão os megatraficantes Fernandinho Beira-Mar e o colombiano Juan Carlos Abadía. O advogado deles, Luiz Gustavo Bataglin descarta uma ação comandada pelos clientes.

O diretor do Depen negou que os bandidos tenham chegado próximo ao portão, disse que o tiroteio se deu a pelo menos 100 metros de distância, informação que contradiz o que falou à imprensa um agente penitenciário, que pediu para não ter o nome revelado. "Das quatro torres, três foram alvejadas. Nunca tinha visto isso antes", disse.

Os agentes, aliás, chegaram a lançar granadas contra os bandidos, o que presume que estivessem a curta distância, já que o explosivo é arremessado geralmente a mais de 50 metros. Dois dos tiros deflagrados pelos agentes acertaram a estrutura de cimento da guarita.

Após a tentativa frustrada, os bandidos retornaram às matas em torno do presídio e desapareceram. Ninguém foi preso. "Eu não tenho dúvidas que a logística utilizada foi para libertar um preso", disse Damásio. O juiz-corregedor Odilon de Oliveira endossou a informação.

Helicóptero

Quanto ao helicóptero que teria sobrevoado a região no mesmo momento, o diretor do Depen disse que a responsabilidade pela vigilância do espaço aéreo é da Força Aérea, e incitou a imprensa a questionar a Base Aérea sobre o fato de a aeronave não ter sido identificada.

O helicóptero não sobrevoou a área do presídio, garantiu Damásio. Se isso tivesse acontecido os agentes não poderiam abater a aeronave. O motivo, a Lei do Abate não permite que uma aeronave seja derrubada. "Somente uma ordem do presidente Lula pode-se derrubar uma aeronave".

O diretor do Depen também descartou que tenha ocorrido vazamento de informações de dentro do presídio para os bandidos. A PF tem um mês para concluir as investigações do inquérito já instaurado.

Os agentes penitenciário reclamam do pouco efetivo. São 225 agentes. Damásio disse que há um mês um projeto que prevê um concurso público está parado no Ministério do Planejamento. "Quando questionaram o nosso número de agentes alegamos que isso se faz necessário. O que aconteceu aqui foi a resposta", finaliza Damásio. (Matéria editada para acréscimo e correção de informações às 12h40)

Fonte:MidiamaxNews

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